ENIC debate os caminhos para industrialização da construção
A transição de um modelo tradicional focado em projetos para um novo paradigma centrado em produtos foi tema de debate no primeiro dia do 98º ENIC | Engenharia & Negócios, durante o painel Construção 2030 – caminhos para industrialização. Os participantes discutiram a importância da industrialização no setor da construção, bem como os desafios enfrentados no país para o avanço da pasta. O 98º Encontro Nacional da Indústria da Construção é realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), dentro da FEICON, com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da Indústria (Sesi).
O evento ainda tem o patrocínio do Banco Oficial do ENIC e da FEICON, a Caixa Econômica Federal, do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP), Mútua, Sebrae Nacional, Housi, Senior, Brain, Tecverde, Softplan, Construcode, TUYA, Mtrix, Brick Up, Informakon, Predialize, ConstructIn, e Pasi.
No contexto atual, o setor da construção no Brasil enfrenta uma série de desafios que demandam soluções inovadoras e estratégicas para impulsionar seu crescimento e competitividade. Alexandre Landim Fernandes, presidente do Sinduscon-BA, destaca a importância de fundamentar a inovação na construção, ressaltando que este é um setor estratégico para o crescimento nacional.
No entanto, Landim alerta para a perda de dinamismo observada nos últimos anos, atribuída em parte ao envelhecimento da mão de obra e a falta de atrativos para os jovens ingressarem na área. “O trabalhador da construção está envelhecendo e não tem atrativos para uma nova leva de mão de obra”, disse.
De acordo com o dirigente, a mão de obra sofrerá uma crise nos próximos anos. “Haverá uma crise de mão de obra na construção nos próximos 10-15 anos, a menos que medidas sejam adotadas para reverter essa tendência”, pontuou. Além disso, Landim destaca a dificuldade do setor em incorporar as tecnologias de ponta, o que tem impactado negativamente sua competitividade internacional.
Leonardo Santana, analista de produtividade e inovação ABDI, destaca a necessidade de uma construção industrializada para impulsionar o setor. Além disso, o analista observa sinais positivos para o setor da construção. “A agenda está propícia para a modernização, o que pode trazer avanços significativos para a indústria da construção”, destacou.
Por sua vez, Luís Breda Mascarenhas, diretor de tecnologia e inovação do Senai Cimatec, enfatiza a importância de utilizar sistemas inteligentes e soluções que garantam segurança para o setor. Ele ressalta a necessidade de apoiar o processo de inovação como forma de superar os desafios enfrentados pelo setor.
Paulo Oliveira, CEO da ARATAU e Presidente do Conselho do C3 – Clube da Construção Civil, destaca a urgência da industrialização na construção, especialmente diante do “apagão” de mão de obra e do envelhecimento da população ativa no setor. Ele ressalta que o setor não está conseguindo extrair todos os benefícios da construção 4.0 e reforça a necessidade premente de adotar práticas mais industrializadas. “A população de obra está envelhecendo e os jovens não estão vindo. A gente precisa da industrialização, é uma urgência”, disse.
Ramon Pollnow, sócio diretor da Kata Offsite e membro da Coordenação da Aliança Brasileira para a Construção Modular, destacou o crescimento da complexidade ao aumentar o nível de industrialização. “Quanto maior o nível de industrialização, maior a complexidade e necessidade de especificação da estrutura de produto e processos”, pontuou.
Jaime Prado, diretor da Brasilis Engenharia, conclui ressaltando que a industrialização do setor é uma necessidade incontestável para enfrentar os desafios atuais e futuros da construção. “A industrialização é necessária para alcançar uma construção sustentável, a orientação por produto pode ser uma abordagem fundamental nesse processo”, concluiu.
Fábio Queda, professor titular da Universidade Federal de Pernambuco, mediador do painel, pontuou ao longo do debate que sem inovação, não há futuro para a construção. “Dá para imaginar a construção civil do futuro sem investimento em inovação?”, questionou.
O tema tem interface com o projeto “Inteligência e Estratégia para o Futuro da Construção”, da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), com a correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).