A cidade de Maringá, no Paraná, está ganhando um novo bairro, o Eurogarden, um projeto audacioso com a promessa de ser o mais sustentável do mundo e para o qual já foram direcionados mais de 200 milhões de reais.
Inspirado em cidades europeias, o bairro vai comportar mais de 20.000 árvores, grandes alamedas, parques e ciclovias. O objetivo é criar um ambiente em que as pessoas se sintam à vontade para circular e transitar sem o uso de carros.
A área está localizada em uma região central da cidade e que abrigará o novo centro cívico de Maringá. Órgãos como a Justiça do Trabalho, o Fórum Eleitoral e o Hospital da Criança já estão na região e novos devem chegar ao longo dos próximos anos.
O bairro está sendo construído em um espaço bruto de 1,4 milhão de metros quadrados, terreno um pouco menor que o Parque Ibirapuera, em São Paulo, que acumula 1,6 milhão. Deste total, a Argus Empreendimentos Imobiliários e a Sisa Construções Civis, empresas do Grupo Nogaroli, são donas de 583.000 metros quadrados. O restante é propriedade da União, que cedeu para equipamentos públicos de diferentes esferas, federal, estadual e municipal.
“Nós já investimos mais de 200 milhões de reais em terreno, benfeitorias na área e sistema de tecnologia para implementar o modelo de cidade inteligente”, afirma Jefferson Nogaroli, CEO do Eurogarden Maringá. “Nós estamos chamando o modelo de one-stop-life, um lugar onde as pessoas podem morar em superquadras, caminhar até a escola, escritório, sem ter que gastar com carro”.
O projeto é um sonho antigo do empresário, presidente do conselho de administração do Grupo Nogaroli, uma holding composta por 12 empresas. O negócio mais estabelecido da família é a rede de supermercados Amigão, com unidades pelo Paraná, interior de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
O empreendimento começou como uma sorveteria criada pelo pai de Nogaroli, Valdir. Em 1982, o negócio foi transformado no Supermercado São Francisco, uma homenagem ao pai e avô de Jefferson, Francisco Nogaroli.
Francisco iniciou a trajetória de empreendedorismo na família com um pequeno comércio.
Antes da Segunda Guerra Mundial, ele teve um problema de saúde e, debilitado, acabou perdendo tudo.
Valdir carregou a motivação e mais tarde, com os ganhos como funcionário público, começou a empreender.
O Supermercado São Francisco cresceu e andou sozinho ao longo de mais de duas décadas. Em 2010, a família fundiu a operação com a Cidade Canção, rede criada em 1977, também em Maringá.
Hoje, a família Nogaroli detém 50% do negócio, o mesmo percentual da família Cardoso, criadora da Canção. Filho mais velho dos Nogaroli, Jefferson começou a acompanhar os negócios do pai desde os 13 anos. Mais tarde, assumiu a liderança.
O bom desempenho da rede supermercadista preparou a família para entrar em outros mercados.
Atualmente, os empreendimentos estão em setores como cartão de crédito, vinícola, construtora e loteamentos imobiliários, verticais que adicionam um faturamento anual em torno de 200 milhões de reais. Foi em uma dessas que o grupo adquiriu em 2009 o terreno agora transformado em bairro.
E o empresário, que quando criança tinha entre as principais brincadeiras imaginar-se construindo ruas e cidades, começou a colocar o projeto de pé.
“Eu achava que não era justo com a cidade fazer qualquer bairro, eu queria fazer alguma coisa que deixasse um legado. E o pessoal me chamava de louco, algo que ouço com certa frequência”, afirma ele, morador de Maringá desde os seis meses de vida. Além dos negócios da família, o profissional também presidiu o Sebrae Paraná e foi o idealizador da cooperativa Sicoob Sul.
Os primeiros passos do projeto foram direcionados à procura de um escritório que pudesse canalizar o desejo de construir algo diferente, uma abordagem mais próxima da Europa, privilegiando o pedestre, a caminhada, em contraposição à vida motorizada.
Com o plano desenhado, vem ao longo dos últimos 10 anos alinhando e estruturando os rumos do novo bairro. O projeto deveria ter sido lançado antes, por volta de 2015, mas as crises política e econômica no meio da década passada atrasaram os planos.
“Nós optamos por esperar e fizemos uma coisa que acho que foi interessante. Nós avançamos em todos os projetos para fazer a drenagem das galerias pluviais, esgotamento sanitário, das redes elétricas e compramos muitas árvores para fazer o sistema de arborização”, diz.
O processo serviu também para a empresa correr atrás de organizações que certificam as boas ações na adoção de práticas e construções sustentáveis. Um selo veio da LEED, sistema de certificação da Green Building Council, entidade criada nos Estados Unidos e presente em mais de 160 países.
O empreendimento conquistou o nível platinum, o mais elevado entre os oferecidos e acumulou 95 pontos, a maior no mundo. Daí, o uso do superlativo de “bairro mais sustentável do mundo”. O projeto ainda recebeu uma pré-certificação “Well”, um selo internacional criado para reconhecer o impacto positivo que as obras podem gerar para os seus moradores.
A estrutura entra agora em um novo momento. Após a criação de um café , o empresário anuncia nesta sexta, 11, ao lado do governador do estado do Paraná, a comercialização de dois lotes da área para a construção de torres residenciais, com até 50 andares, e a inauguração do prédio que funciona como um centro para recepção de visitantes e clientes.
Parabéns!