Empresa assinou nesta quarta-feira (10) com o governo estadual um novo protocolo de intenções
Menos de um ano depois de inaugurar sua fábrica no Polo Químico de Montenegro, no Vale do Caí, a Cimento Gaúcho assinou nesta quarta-feira (10), com o governo estadual, um novo protocolo de intenções prevendo R$ 161,1 milhões em investimentos para a ampliação da fábrica e implantação de uma nova unidade em Candiota, na região da Campanha. A estimativa da empresa paulista Hipermix Sul Serviços de Concretagem Ltda, detentora da marca Cimento Gaúcho, é de que, até 2027, quando é previsto o final deste novo ciclo de investimentos, a fábrica terá capacidade para responder por até 25% da demanda por cimento na construção civil do Rio Grande do Sul.
Atualmente, na sua planta industrial que demandou outros R$ 100 milhões, a Cimento Gaúcho opera com capacidade para 100 mil toneladas de cimento por ano (10% da demanda gaúcha). Serão R$ 56 milhões dos novos aportes destinados à ampliação da fábrica de Montenegro, durante quatro anos. De acordo com o diretor de Operações da Hipermix, Márcio Locatelli, a unidade passará a ter capacidade de produzir 150 mil toneladas de cimento por ano (15% da demanda gaúcha). A atual área da fábrica é de 78 mil metros quadrados, e passará a 80 mil metros quadrados. “Nos primeiros meses de operação da fábrica, estamos com a operação dentro do ritmo esperado, porém, o incremento de oferta leva algum tempo. É por acreditarmos no potencial do mercado gaúcho que já queremos iniciar a ampliação da nossa produção desde já”, explica Locatelli.
Carvão é estratégico
E esta ampliação terá em Candiota, na Campanha, um ponto estratégico para a empresa. É que o cimento produzido pela Hipermix no Rio Grande do Sul tem a cinza do carvão como base para a chamada pozolana, que gera um produto com maior impermeabilidade, durabilidade e estabilidade. Em Montenegro, uma das principais origens do produto é o resíduo das lagoas de tratamento da Braskem. Na Campanha, porém, está o principal ponto de produção carbonífera do Estado. “O nosso objetivo é que, além de termos uma nova fábrica próxima ao fornecimento do carvão, tenhamos em Candiota também o armazenamento das cinzas que serão fornecidas à produção em Montenegro”, diz o diretor. Serão aportados R$ 105,1 milhões nesta nova operação, em duas etapas. Na primeira, que inicia ainda em 2024 e deve ser finalizada em 2026 será investida a metade do valor. O restante, na sequência, como uma ampliação, à exemplo do que aconteceu em Montenegro.
De acordo com o CEO da M. Stortti Business Consulting Group, Maurênio Stortti, que conduz os planos de negócios da empresa paulista no Rio Grande do Sul desde o seu início, em 2020, ao final deste processo, a Cimento Gaúcho terá capacidade de produção de outras 100 mil toneladas de cimento por ano (10% da demanda gaúcha) em Candiota. A proximidade de Candiota com o Uruguai será outro dos fatores considerados fundamentais nos ganhos logísticos da empresa. Vem do Uruguai, em um investimento que tem o ex-jogador de futebol Diego Lugano como sócio, a pedra chamada kinker, usada no processo de produção cimenteira como um acelerador da trituração, o que resulta em uma produção com menos gasto de energia e menor geração de resíduos.
Esta cadeia produtiva liderada pela Hipermix tem ainda uma área no porto de Porto Alegre, ainda não utilizada, que poderá ser um diferencial logístico. O plano da empresa é otimizar no futuro o uso das hidrovias gaúchas, com os produtos que vêm do Uruguai e agora também de Candiota, tendo a Capital como entreposto para o uso de hidrovias até Triunfo e também no momento de escoar a produção. A empresa, que tem o reduzido índice de emissões como diferencial _ 15% abaixo da média nacional _, prospecta ainda maiores reduções com o uso do transporte pelos rios. Serão 400 caminhões que deixarão de rodar nas estradas gaúchas, como estima Maurênio Stortti.
FICHA TÉCNICA
Investimento: R$ 161,1 milhões
Estágio: Anunciado
Empresa: Hipermix
Cidades: Montenegro e Candiota
Área: Indústria
Eduardo Torres
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